terça-feira, 27 de maio de 2014

Ensaio sobre os antidepressivos


Existem diversas classes de antidepressivos. Cada classe tem uma gama de efeitos colaterais, mas a eficácia de todos os antidepressivos é igual (essa é uma simplificação para quem não é psiquiatra). Ao escolher um antidepressivo, o médico pensa em duas coisas: se a pessoa vai ter benefícios e se a pessoa vai apresentar efeitos adversos. Algumas vezes, o efeito adverso é útil, como no caso dos antidepressivos que causam sono (para quem sofre de insônia).



Até hoje (ano de 2014), os estudos mostraram que os antidepressivos reduzem os sintomas da depressão em pessoas com depressão de intensidade leve a moderada, mas o efeito é realmente bom somente nas pessoas com depressão grave. Em outras palavras, os antidepressivos ajudam pouco no caso da depressão leve ou moderada.

Temos que entender, em primeiro lugar, que a maioria dos casos de depressão leve-moderada curam-se sozinhos - não importa se a pessoa tomou antidepressivo ou fez terapia com psicólogo. Já os casos de depressão grave sempre merecem um tratamento mais intensivo com médico e psicólogo.
 
Em segundo lugar, nem todo antidepressivo serve para todas as pessoas. Muitas pessoas não têm efeito benéfico ao tomar determinado antidepressivo. Quando um antidepressivo não ajuda em nada (depois de utilizado por no mínimo 3 semanas), o médico primeiro opta por tentar outro antidepressivo, e depois opta por associar dois antidepressivos. É claro que esse esquema varia de acordo com a experiência de cada médico.

As sociedades de psiquiatria recomendam que toda depressão deve ser tratada com psicólogo e medicamentos antidepressivos. No caso da depressão leve-moderada, a terapia com psicólogo é mais importante que tomar antidepressivos. No caso da depressão grave, enquanto se esperam 3 semanas para o antidepressivo começar a fazer efeito, pode ser necessário usar a eletro-convulso-terapia. A eletroconvulsoterapia nada mais é que dar um choque na cabeça da pessoa, igual nos filmes (uma imagem horrível de se ver), porém este ainda é o melhor tratamento inicial para a depressão grave. Este tratamento, visto por muitas pessoas como desumano, já evitou que muitos deprimidos se suicidassem.

Principais efeitos adversos dos antidepressivos (sempre leia a bula):
  • Classe dos Tricíclicos (amitriptilina, imipramina, desipramina, nortriptilina): sono, pressão baixa, boca seca, ganho de peso, menor libido, convulsões (em pessoas propensas a convulsões).
  • Classe dos ISRS (citalopram, escitalopram, fluoxetina, paroxetina, sertralina): enjoo ou diarreia, menor libido. Novos estudos mostram que o citalopram pode causar uma disfunção sexual que demora meses para desaparecer depois de parar de tomar o remédio.
  • Bupropiona: agitação, convulsões (em pessoas propensas a convulsões), enjoo ou diarreia, boca seca. Uma vantagem da bupropiona é que não causa perda de libido na maioria das pessoas.
  • Venlafaxina e Duloxetina: a venlafaxina tende a causar enjoos e menor libido. A duloxetina também, mas em intensidade bem menor.
Os antidepressivos devem ser evitados? De jeito nenhum. Mas eles são pouco úteis para a maioria das pessoas deprimidas, pois elas possuem depressão leve-moderada. Que fazer então? Consultar um médico (de preferência um psiquiatra) para saber se a depressão é grave, e fazer o tratamento recomendado. Se a pessoa não tiver condições de fazer a terapia com psicólogo ou não tiver dinheiro para comprar o remédio, deve conversar com o médico para encontrar uma outra solução (talvez um medicamento mais barato).

Abaixo estão algumas terapias "alternativas" que hoje parecem ajudar um pouco no tratamento da pessoas deprimida:
  1. Exercícios físicos aeróbicos por 45 minutos 3 vezes por semana (ex.: caminhada).
  2. Yoga e tai chi
  3. Fototerapia (isso sugere que caminhar enquanto fizer sol seja benéfico)
  4. Receber massagem
  5. Técnicas de relaxamento
  6. Musicoterapia
Fonte: revisão de literatura Dynamed

Leonardo Vilela Pinheiro (leopinheiro@vilelapinheiro.com) é acadêmico de medicina na Universidade Estadual de Londrina

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