domingo, 8 de junho de 2014

Livro: Maiores erros dos médicos e como evitá-los

Faço aqui comentários a respeito do livro "Principais erros dos médicos e como evitá-los" (Top screwups doctors make and how to avoid them) dos autores Joe Graedon e Teresa Graedon.

Este é um livro escrito por um farmacêutico (Joe) e por uma antropóloga (Teresa) para pacientes. Contém recomendação para o paciente entender como surgem alguns erros médicos e como evitar armadilhas. Também é um livro válido para médicos, futuros médicos, enfermeiros, e farmacêuticos. A seguir, vou discorrer sobre alguns capítulos rapidamente. Não sei quando este livro será traduzido para Português, mas atualmente ele está disponível em inglês em livrarias online.

Capítulo 2: Os dez principais erros dos médicos


1. Não ouvir os pacientes: estudos mostram que os médicos interrompem os pacientes dentro de 12 a 20 segundos do início da consulta. Assim, os pacientes nunca conseguem contar toda a história.

2. Errar o diagnóstico

3. Dar muita pouca informação: muitas vezes os médicos não falam sobre os possíveis efeitos adversos dos medicamentos, com medo de que isso induza o paciente a sentir tais efeitos. Mas ocultar os possíveis efeitos adversos pode levar a problemas graves. Além dos efeitos adversos, há outras informações que os médicos não deveriam ocultar.

4.  Não lidar com efeitos adversos: muitas vezes o médico ignora um efeito colateral. Ao lidar com tosse seca em um paciente que toma um IECA (inibidor da enzima conversora de angiotensina), muitos médicos acabam dando um remédio para tosse, em vez de associar a tosse ao IECA.

5. Tratar de menos ou ignorar as evidências científicas: um dos exemplos mais óbvios é não prescrever espironolactona (Aldoctone) para pacientes com insuficiência cardíaca congestiva.

6. Tratar demais ou deixar-se seduzir pelos números: os médicos que não sabem avaliar estatísticas sobre a eficácia das drogas são presas fáceis da indústria farmacêutica. As propagandas tendem a superestimar os benefícios e subestimar os riscos.

7. Ignorar interações medicamentosas: essas interações são responsáveis por uma enorme quantidade de deficiência e morte.

8. Insistir no erro terapêutico

9. Deixar os exames laboratoriais passarem despercebidos: não organizar os resultados, não conferir os resultados, e não comunicar os resultados ao paciente.

10. Não aconselhar a mudança no estilo de vida: hábitos saudáveis podem substituir muitos medicamentos.

Capítulo 3: desastres diagnósticos


Os médicos de antigamente dependiam mais de instinto e experiência, enquanto os médicos atuais confiam mais nas evidências científicas.

A escola de medicina ensina: “Quando você ouvir cascos, pense em cavalos, não em zebras”, ou seja, pense no diagnóstico mais óbvio.

O problema em “procurar os diagnósticos mais óbvios” é que isso leva a erros, e estes erros podem ser o segredo mais bem guardado da medicina. Há algum tempo, os erros diagnósticos sequer eram estudados.

Alguns peritos concluem que os erros diagnósticos na medicina clínica podem atingir 15%, e que eles são o grande elefante branco, do qual nenhum médico quer falar, e para o qual ninguém quer encontrar a solução.

Principais erros diagnósticos: embolia pulmonar e reação a drogas (ou overdose).

Capítulo 4: Motivos para os erros diagnósticos


Os alunos de medicina são selecionados com base na sua capacidade extraordinária de memorizar e recuperar da memória uma grande quantidade de informações. Isso parece ser uma coisa boa, mas na verdade reforça a (falsa) ideia de que seja possível gravar tudo o que é necessário para praticar a medicina.

A humildade, a falibilidade e a incertezas são desvalorizadas pelos mentores na medicina. Os acadêmicos e os residentes são ensinados que devem aprender com destreza essa coisa chamada diagnóstico, quando na verdade essa tarefa é quase impossível.

Como a escola de medicina e a Residência ensinam que o médico precisa chegar ao diagnóstico correto com base em suas próprias memórias, os médicos estão condenados a errar muitos diagnósticos.

Confiança excessiva: o problema com a confiança excessiva é que os médicos podem não dedicar o todo o tempo necessário ou avaliar todas as alternativas possíveis para os sintomas do paciente. Um motivo para a confiança excessiva é a falta de feedback, ou seja, o médico raramente descobre quando estava errado.

Excesso de informações e trabalhar sozinho: há informação demais para cada médico lembrar, e infelizmente os médicos nem sempre percebem que devem procurar ajuda externa.

Capítulo 5: Prevenindo problemas diagnósticos

Capítulo 6: Os 10 principais erros médicos ao prescrever medicamentos

Capítulo 7: Interações medicamentosas podem ser fatais

Capítulo 8: Os 10 principais erros dos farmacêuticos

Capítulo 9: Erros dos medicamentos genéricos

Capítulo 10: Criando problema para pacientes idosos

Capítulo 11: Os 10 principais erros dos pacientes

Capítulo 12: Fechando a brecha de comunicação

Capítulo 13: Os principais erros em doenças comuns




Minhas conclusões

  • O livro é escrito diretamente para pacientes, portanto alguns profissionais da saúde não vão gostar do estilo ou da forma como os dados são mostrados.
  • O livro é bastante sincero e realista, e os profissionais da saúde vão dar o braço a torcer em diversas passagens.
  •  O livro puxa bastante a sardinha para o lado farmacoterapêutico do cuidado ao paciente. Contudo, ao lado de outras modalidades (como a fisioterapia e a psicoterapia), os medicamentos têm seu papel importante - e provavelmente até fatal, no caso dos erros relatados no livro.
  • Na minha plácida ignorância de acadêmico, acredito que este é um bom livro.
  • Neste momento passam pela minha cabeça duas frases ditas por dois médicos com mais de 25 anos de graduação: "O residente sai da Residência ainda muito cru, ele não tem a menor condição de praticar sozinho", e "Eu às vezes sou atrevido na minha prática, mas só porque tenho experiência demais em ultrassom, mas você não vai encontrar isso em nenhum livro."
 Uma boa leitura!

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