terça-feira, 5 de junho de 2012

A dignidade e a velhice

Ontem eu estava conversando com o amigo Celso, e criei (ou roubei) uma teoria que tenta explicar a dificuldade que pessoas mais velhas têm em lidar com sua própria velhice. Espero não ofender ninguém, apenas tomo por base alguns exemplos muito próximos.


O idoso que trabalhou a vida inteira acredita que merece, ao menos, um final digno. Para o público, isso se traduz em uma aposentadoria justa. Mas existem coisas ainda mais essenciais que o montante da aposentadoria, como por exemplo a autonomia. Caminhar, tomar banho, usar o banheiro sozinho, manusear garfo e faca. Não levantar sentimento de pena nas pessoas.

O momento em que esperamos da vida mais "retornos" e tranquilidade é exatamente a época mais propícia às mazelas degenerativas e terminais. Assim, desenvolver Alzheimer, Parkinson ou um câncer mais grave cria um sentimento de indignidade e vergonha em muitas pessoas.

Como não podemos, ainda, evitar as doenças degenerativas com uma pílula*, podemos ao menos mudar nossa forma de pensar. Por mais ilógico que pareça, devemos não mais esperar que a velhice seja o momento de receber um pouco justiça da vida. Talvez a vida seja injusta mesmo, e ponto.


Dessa maneira, vamos nos sentir menos injustiçados, revoltados e envergonhados quando a doença degenerativa, longa e terminal, bater à nossa porta.

* Atualmente, poucos estão dispostos a adotar as soluções preventivas mais eficazes para as doenças degenerativas, como fazer exercícios aeróbicos regularmente e abandonar os vícios (principalmente tabagismo e alcoolismo).

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