quarta-feira, 30 de maio de 2012

Caderno versus fichário no curso de medicina PBL

Durante o primeiro ano do curso, usei somente folhas de fichário. São folhas pautadas, com 4 furos para fixar em uma pasta ou em um fichário universitário. As folhas que eu usava são mais ou menos iguais a essa da imagem, porém sem textura no fundo. Usar folhas de fichário foi meu método preferido durante o ensino médio, o curso de engenharia e o cursinho. 

Usei uma pasta sanfonada em vez de fichário por dois motivos. Primeiro, o fichário é um trambolho gigante, ocupa muito espaço na mochila - espaço precioso em uma mochila que carrega computador e blusa de frio. Segundo, é necessário tirar e colocar folhas no fichário, e isso exige movimentar aquelas argolas de metal enormes - uma tragédia.

A organização da minha pasta sanfonada seguia da seguinte forma durante o primeiro ano de medicina:
  • Para cada módulo do sistema PBL, havia uma seção da pasta. Havia sempre 3 seções:
    • Módulo temático (cada ano tem aproximadamente 6 módulos temáticos que duram 6 semanas, e um só começa depois que o outro termina)
    • Módulo PIN e módulo Habilidades. Estes dois últimos módulos são longitudinais, ou seja, duram o ano todo, e ocorrem paralelamente aos módulos temáticos.
  • Sempre que um módulo temático terminava, eu arquivava suas folhas em uma outra pasta, ou seja, liberava a seção da pasta sanfonada para o novo módulo que ia começar.
No segundo semestre, dividi a seção do módulo temático em 3 novas seções: Disciplinas Gerais, Anatomia, Histologia. Assim, eu poderia revisar tudo mais rapidamente antes da prova, de acordo com a sugestão do livro How to Become a Straight-A Student, do autor Cal Newport. Também dividi a seção Habilidades em 2 seções (Comunicação e Semiologia), para ficar mais fácil de revisar.

Os problemas que encontrei com essa forma de organizar foram:
  • Perder folhas. A cada aula, eu puxava uma folha individual da pasta sanfonada. Ao final da aula, colocava a folha de volta na posição, mas às vezes deixava para posicioná-la mais tarde. Às vezes esquecia a folha no lugar errado durante muito tempo. Outras vezes, a folha até sumia.
  • Começar uma folha nova sem terminar a folha anterior. Ao puxar uma folha errada da pasta sanfonada (e ela já estava cheia), pensava que era hora de começar uma nova folha. Assim, a folha que deveria ter sido "continuada" ficava com um espaço sem usar. Isso não parecia que iria me causar grandes problemas, até que ano seguinte precisei resgatar algumas aulas e vi a bagunça que tinha feito.
  • Colocar folhas (ou retirar) fora da sequência. Junto com o problema citado anteriormente, ocorria desalinho da ordem das folhas. Até agora não entendi como pude cometer aquele tipo de erro. Só fui perceber a calamidade no ano seguinte.
  • Problemas para arquivar as folhas ao final do ano letivo. Usei uma pasta com trilho, mostrada em foto abaixo, para arquivar todo o ano de 2011. Ficou uma coisa horrorosa. Parece que as folhas ficam penduradas, desalinhadas entre si. Para ler direito uma anotação, preciso retirar o trilho e retirar a folha da pasta.
  • A única forma de indexar as aulas era por data. Por exemplo, para encontrar uma determinada aula, eu tinha de saber qual foi o dia em que ocorreu. Eu evitava numerar as páginas, já que no início do ano havia 3 seções, e no final do ano, 6. Cada seção teria uma numeração específica? Seria bem complexo para os meus padrões.
Mas eu achava que estava tudo bem, afinal sempre tinha me organizado mais ou menos daquele jeito. Até que, no segundo ano do curso, precisei revisar algumas aulas. Encontrar uma anotação de aula tornou-se uma missão impossível.

Decidi que em 2012 as coisas tinham que ser diferentes. Resolvi usar um caderno. Fui à procura do caderno perfeito.

Pensei no caderno universitário, espiral, de 16 matérias. Porém ele tem alguns problemas graves. As folhas saem muito facilmente, às vezes ficam penduradas, e sempre ficam desalinhadas entre si. Os colegas ficam propensos a pedir (ou roubar) folhas. O espiral é frágil, deforma-se dentro da mochila, sem falar que ele risca e rasga outros objetos dentro da mochila. As folhas são muito ácidas, por isso amarelam em poucos anos. Não é o ideal para um aluno de medicina.

Pensei no caderno brochura, de capa dura. As folhas ficam bem presas. Porém, a margem esquerda da página ocupa uma área muito maior do que deveria. Procurei de todas as marcas e tamanho, mas parece que no Brasil todos os cadernos seguem esse padrão de margens enormes. As folhas são ácidas também, pois são cadernos feitos para durar pouco.

Fui atrás do livro ata sem borda. Encontrei-o na internet, mas as lojas nunca o tinham em estoque. Cheguei à conclusão de que ele é uma lenda. Um livro ata sem bordas e com páginas numeradas seria uma boa opção. Será que as folhas são de boa qualidade?

Acabei comprando um caderno Moleskine, do tipo pautado grande ("large ruled") e capa dura. Mas ele não é grande realmente. É aproximadamente do tamanho de um brochura pequeno. Não tem margens, e as folhas são alcalinas, para durar mais.


A capa é bastante resistente. Numerei as páginas manualmente (só as do lado direito, portanto só as ímpares). Meu novo sistema de organização tem as seguintes características:
  • Tudo é escrito no caderno de forma linear, sem divisórias. Acredito que isso não vá me causar problemas, porque posso fazer um índice nas últimas páginas (de frente para trás) ou no computador, com o nome da aula e sua página. Pelo menos tenho a certeza de que nenhuma "folha solta" será inserida fora de sua posição correta.
  • O caderno é muito menor que a pasta sanfonada.
  • Os colegas não pedem nem roubam folhas.
  • Como as folhas são menores, a largura do parágrafo é menor e o desperdício de espaço é muito menor. É mais fácil de escrever e ler assim.
A desvantagem que vejo é que não posso carregar fotocópias e impressões, como fazia na pasta sanfonada. Portanto, raras vezes acabo levando a pasta sanfonada na mochila.

Os preços de Moleskine no Brasil são altos. Por isso, comprei no site www.bookdepository.com (frete grátis). Meus primeiros dois moleskines custaram em torno de 15 dólares (R$30) cada um. Apesar de mais barato que em papelarias brasileiras, continua caro.

Existem também outras marcas de cadernos bons. Acredito que a segunda marca mais popular seja a Rhodia, porém ela não estava disponível naquele site de vendas. Quando surgir uma oportunidade, vou experimentá-la também.

4 comentários:

  1. Anônimo3/2/15 12:18

    Oi, Leonardo. Você dispôs de um caderno por disciplina? Caso contrário, a escrita linear sem divisão por matérias dificultou os estudos posteriores?

    Agradeço desde já!

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  2. Fiz escrita linear, o que não dificultou os estudos posteriores. No sistema PBL, a gente não escreve tanto assim, e dá pra saber onde começa e termina cada módulo (e estudar o que faz parte do módulo).

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  3. o livro ata é otimo, as follhas sao grossas enumeradas, e nao amarela com o tempo. eu trabalhei durante 9 anos com livro ata, e até hoje tenho eles, e estao em perfeito estado. Vou entrar na faculdade de medicina e decidi, vou usar o livro Ata. Obrigada pelas informações, me ajudou muito

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    1. Aline, obrigado pela dica! Vou ficar atento pra encontrar esse livro ata pra comprar.

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